quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Projeto Frida K.



Não sei ao certo há quanto tempo sou escritora ou há quanto tempo busco em mim as angústias próprias do ser humano, ou desde quando me sinto tocada por dores e injustiças que o mundo guarda para as mulheres. Certo é o amor que tenho por Frida Khalo e sua obra.
Usar a própria vida como material de trabalho e como inspiração para sua arte é uma marca constante dessa artista passional, seu trabalho me encanta e me impulsiona à pesquisa e a desbravar caminhos, novas descobertas.
É bom deixar claro que não é só uma viagem geográfica, essa que fiz do Brasil ao México, e o objetivo vai além de uma viagem psicológica, em busca de significações para a minha existência, vir para outro país, estar em contato com uma cultura múltipla e passional contribui para o meu crescimento pessoal e acima de tudo, me faz traçar planos para a minha nova empreitada artística.
Esse projeto, como muitos outros, traz a pintora e escritora mexicana como tema, suas angústias, a questão de gêneros, a busca do autoconhecimento, presentes e pulsantes em sua obra e que  me inspiram muito.
Para quem não sabe, comecei um curso de artes visuais na Faculdade Dulcina de Moraes no segundo semestre de 2015, e essa nova fase de estudo e entendimento abriu novos horizontes, perspectivas há muito esquecidas pelo caminho e rememoradas de forma intensa e forte.
Seja por dores físicas ou pelas psicológicas, Frida demonstra sua dor visceral e pulsante, que em alguns momentos brilha e se faz bela, uma estética comum às mulheres em qualquer tempo. Não que nós tenhamos aceito como comum, ou padrão, ou como bandeira, esses sofrimentos, mas assumi-los e encará-los, de forma racional ou passional, já tratamos de colocar em plenária o que se discute sobre igualdade (de gêneros, de poder, etc).
Traçando um paralelo sobre a dor física da pintora, acho válido considerar que aos seis anos foi acometida pelo mal da poliomielite, que aos 18 anos sofreu um grave acidente de ônibus, onde foi perfurada por uma barra que saiu por sua vagina, quebrou costelas, perna, coluna e clavícula. Que se casou com um homem talentoso, mas que trouxe a ela várias mazelas emocionais, que era lésbica, que foi e é considerada por alguns uma das precursoras do feminismo mexicano, apenas por essas razões já consideraria Frida uma sobrevivente extraordinária.
Mas ela vai além, se revela em obras intimistas, autobiográficas fortes, que ainda ressoam no meu interior, como os tremores das terras mexicanas. Ao me deparar com essa ressignificação da dor que ela retrata em suas obras, como quem reabre suas chagas para rematizar sua dor, seja como uma mulher apaixonada que sem reservas demonstra sua dependência emocional para com seu amante, seja como uma mulher que sofre vários abortos, como um cervo atravessado de flechas, como uma filha frágil sendo amamentada pela “mãe terra”, Frida conversa comigo, fala da minha dor, não só da dela e ensina que a arte pode ser usada como ferramenta, como uma válvula de escape, como um exercício de aprendizado com a dor.
Frida é a catarse de meus desejos mais intuitivos de comunicação com o mundo exterior, e desde que conheci o seu trabalho me sinto impulsionada a essa viagem ao universo maravilhoso dessa magnífica pintora
Assim queria apresentar meu projeto aos meus amigos mais próximos e pedir ajuda para quem tem mais experiência com o assunto, quem puder me dar dicas sobre como fazer disso um projeto real e concreto, por favor, me procure “in box”, grata.
larissapin@hotmail.com
http://projetofridak.blogspot.mx/